A relação do bullying com a busca por tratamentos estéticos na adolescência

A adolescência é uma fase de desenvolvimento complexa, marcada por mudanças físicas, emocionais e sociais. Durante esse período, os jovens estão moldando sua identidade e construindo sua autoimagem. No entanto, essa jornada muitas vezes é afetada por desafios como o bullying, que pode ter consequências profundas na autoestima dos adolescentes. O bullying, definido como agressões físicas, verbais ou psicológicas repetidas, pode causar danos emocionais duradouros.

O psicólogo Diego Fernandes reflete que, de acordo com a perspectiva da psicanálise, o ser humano passa por estágios de desenvolvimento psicossexual, e a adolescência é um período crucial onde a formação da identidade e a busca por aceitação social desempenham um papel crucial. Assim, a autoestima nesse contexto, é fundamental para a formação saudável da personalidade. Freud, o “pai da psicanálise”, acreditava que a autoestima estava ligada ao conceito de “eu ideal”, uma imagem interna idealizada de si mesmo.

Mas, como e de que forma o bullying possui impacto na autoestima?

O bullying pode desencadear uma série de impactos negativos na autoestima de um adolescente. Comentários e ações depreciativas podem minar a confiança do jovem em si mesmo, levando-o a questionar sua autoimagem, habilidades e valor pessoal. A natureza repetitiva do bullying contribui para a internalização dessas mensagens negativas, resultando em sentimentos de inadequação e baixa autoestima.

O pensamento, o desejo, pelos tratamentos estéticos podem partir daí.

Além do bullying, diversos outros fatores contribuem para a busca de tratamentos estéticos por parte dos adolescentes. A exposição constante a imagens idealizadas pela mídia, associada à pressão social para se encaixar em padrões de beleza, pode gerar comparações e insatisfação com a própria aparência. A necessidade de pertencimento e aceitação pelos colegas pode levar os jovens a buscar maneiras de melhorar sua autoimagem.

Diego explica que, a psicanálise freudiana também aborda a influência do inconsciente na tomada de decisões. Nesse sentido, o desejo de realizar procedimentos estéticos pode estar relacionado a conflitos inconscientes, como a busca por autonomia, controle sobre a própria imagem e desejos reprimidos.

Assim, como o papel dos pais e da escola poderia ajudar neste contexto?

Tanto os pais quanto as escolas têm um papel crucial na promoção de uma autoimagem saudável nos adolescentes. Os pais devem criar um ambiente de comunicação aberto, onde os filhos se sintam à vontade para compartilhar suas experiências e preocupações. A sensibilidade para lidar com pedidos de cirurgias estéticas é fundamental. Os pais devem investigar as motivações por trás desses pedidos e considerar envolver profissionais de saúde mental.

As escolas, por sua vez, devem criar ambientes seguros e inclusivos. A conscientização sobre bullying e autoimagem deve ser promovida através de programas educacionais. Educadores devem estar atentos a sinais de bullying e agir prontamente para lidar com essas situações.

Diego conclui que, a adolescência é uma fase de autodescoberta e formação de identidade, e a autoestima desempenha um papel central nesse processo. O bullying e outros fatores negativos podem impactar profundamente a autoimagem dos adolescentes, levando-os a buscar tratamentos estéticos como uma maneira de lidar com suas inseguranças. Pais, escolas e profissionais de saúde mental têm a responsabilidade de oferecer apoio, comunicação aberta e orientação para ajudar os jovens a construir uma autoimagem saudável e realista, baseada no entendimento de sua própria singularidade e valor intrínseco.

Referência Bibliográfica:

Freud, S. (1923). “O Ego e o Id.” Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, 19, 12-66.

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