A pandemia chegou sem aviso pegando todos de surpresa e, em grande medida, modificando nossas formas de relações. Não há como negar que, assim como os adultos, as crianças também foram afetadas. E muito. Todos nós tivemos que nos adaptar ao novo funcionamento de nossas atividades e rotina. As crianças precisaram se ajustar ao ensino à distância, ao isolamento social dos seus colegas de sala e professores, além de haver limitação no espaço para o brincar. De repente os pais se viram tendo que administrar as suas próprias adaptações com o dia a dia de seus filhos limitados em casa.
Neste caso, estamos falando de uma relação em que pais e filhos estavam vivenciando e acessando emoções que não faziam parte da sua rotina comum. Desta forma, percebemos que, inevitavelmente, muitos pais se culpam por algumas atitudes e comportamentos que tiveram neste período. Porém, como dito anteriormente, todos nós fomos afetados. Então, de maneira geral, existiu-se uma tensão e bastante estresse, para ambas as partes. Assim, as consequências desse período começaram a se refletir ao longo dos dias “pós” pandemia, aumentando o interesse e a procura da psicoterapia infantil. A psicóloga Kássia Santos, pós-graduanda em Saúde Mental, aponta para os possíveis impactos deste período para as crianças:
- Atrasos na fala
- Alterações de humor
- Desinteresse/fuga nas interações sociais
- Ansiedade
Neste caso, como a psicoterapia infantil funciona? Como ela pode ajudar?
A psicoterapia infantil tem como principal pilar estabelecer o vínculo e a conexão com o paciente, assim como na psicoterapia do adolescente e do adulto. A segurança e confiança são conceitos fundamentais que deverão existir em qualquer que seja a relação psicólogo x paciente. A diferença é que, para “acessar” a criança e o mundo dela, são utilizados ferramentas e recursos para estreitar esse caminho. Brincadeiras lúdicas, verbais ou não verbais, podem estimular a expressão e a comunicação por exemplo, jogos de raciocínio lógico podem estimular a atenção e concentração, e, até o ato de desenhar, pintar, recortar e colar figuras e palavras, sendo estimuladas da maneira adequada, podem ter grandes significados no processo da terapia infantil.
Neste contexto, sabemos que o papel dos pais se torna fundamental. E é por isso que é comum haver, sempre que necessário, encontros somente com os pais ou com o responsáveis pela criança, chamados de Orientação Parental. Essas sessões permitem o acesso e troca de informações e orientações relevantes da demanda e do comportamento da criança.
Kássia, explica que, muitas vezes o maior desafio da psicoterapia infantil está relacionado com a participação ativa e interesse dos pais nesse processo. Quando não há cooperação e compreensão da importância do comparecimento da criança (que depende de um adulto para estar na sessão) por exemplo, afeta diretamente o desenvolvimento e possível evolução do vínculo assim como das demandas trazidas por eles mesmos.
Por isso, a psicoterapia infantil se torna um processo desafiador! Porém, proporcionalmente gratificante. Com todos esses participantes (psicólogo, criança e pais) dispostos e alinhados para essencialmente estarem presentes nesse processo, o caminho se torna recompensador.
Kássia Santos
CRP 16/8332