A arte como ferramenta no processo terapêutico

Desenho, pintura, música, dança, literatura. Como e de que forma essas atividades/movimentos podem fazer parte do processo terapêutico?

É possível pensar na terapia, de maneira geral, como um lugar de acolhimento, escuta e promoção de reflexões, e muitas vezes associada essencialmente ao “falar”, ou seja: a expressão verbal. Mas quais são as possibilidades de expressão que temos para nos comunicar ou transmitir o que sentimos? São muitas e esses recursos podem ser um facilitador dentro desse processo.
Pode-se dizer que a utilização da arte como instrumento terapêutico se oficializou com a inserção da Arteterapia em 1941 (Andrade, 1995, 2000). Baseado inicialmente na teoria psicanalítica, as técnicas de arteterapia visavam facilitar a projeção de conflitos inconscientes em representações pictóricas (Naumburg, 1966).

Em sessão, é possível utilizar da produção de desenhos assim como do compartilhamento de reflexões acerca da música, dança e literatura como forma de demonstrar o que se sente permitindo se reconectar com essa emoção. Por meio da pintura, por exemplo, podemos trabalhar questões como impulsividade e ansiedade, ou seja, a arte não só como ferramenta de expressão, mas de fato o processo terapêutico, na sua elaboração e execução.

“Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida” (Jung, 1920).

Assim, é importante destacar alguns aspectos que contribuem para o uso da arte no processo terapêutico:

  • Ajuda na comunicação
  • Expressão da criatividade
  • Possibilita a conexão e reconfiguração do sentimento
  • Alternativa no encontro consigo mesmo

Kássia Santos, psicóloga clínica da Arkhé, explica que muitos dos pacientes que estão inseridos no processo terapêutico já estão envolvidos em atividades artísticas ou possuem alguma conexão ou prazer por elas, porém, por não pensarem sobre isso, acabam minimizando a importância desses recursos que podem sim ser levados e trabalhados em sessão.

Desta forma, se faz necessário compreendermos a importância do vínculo e da presença da arte com a terapia, assim como do vínculo do indivíduo com a arte dentro e fora do cenário terapêutico.

Referências:
Andrade, L. Q. (1995). Linhas teóricas em arte-terapia. In M. M. M. J. de Carvalho (Org.), A Arte Cura? Recursos artísticos em psicoterapia (pp. 39-54). Campinas, SP: Editorial Psy II.

Andrade, L. Q. (2000). Terapias expressivas. São Paulo: Vetor.

JUNG, Carl G. (2007). O espírito na arte e na ciência. Petrópolis: Vozes.

Naumburg, M. (1966). Dinamically oriented art therapy: Its principles and practice. Nova Iorque: Grune-Stratton.

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