Este texto vai falar com você, que está com a sensação de que vem disputando uma corrida contra si mesmo, onde a obrigação de ser produtivo e entregar resultados está à frente de qualquer outra necessidade. E com você, que está em busca de reconhecimento profissional diante dos seus colegas de trabalho e sua liderança, mas que pode estar te custando uma exaustão física e emocional.
Desde pequenos recebemos a orientação de que pessoas bem-sucedidas profissionalmente alcançam o que a vida tem de melhor. Seja empreendendo ou trabalhando para alguém, conquistar cargos importantes e ganhar dinheiro está entre as principais ambições do ser humano, porém, dependendo de como isso é levado por você, há consequências emocionais que precisarão ser tratadas.
Somos atingidos, todos os dias, por milhares de informações e cobranças que nos fazem disputar contra o outro e até mesmo contra quem éramos cinco minutos atrás. A exigência de que precisamos produzir com qualidade, incansavelmente, vem trazendo graves alterações emocionais, pois o valor do ser humano está sendo baseado, geralmente, naquilo que ele entrega e no seu desempenho.
Esta exaustiva rotina está acarretando uma relação ruim com o trabalho e promovendo uma confusão emocional que está cada vez mais embaralhada, pois é impossível separar as coisas dentro de nós. Quem dera se pudéssemos desligar a chave do trabalho e ligar da diversão, desligar da diversão e ligar do sono, para vivermos uma coisa de cada vez e com plenitude. Porém, o que vem acontecendo é a mistura dos pensamentos e a mente cansada por tantas demandas, pessoais e profissionais.
Ousamos dizer que, muitas vezes, há uma relação abusiva no trabalho, onde o empregador (ou até o empreendedor) está se submetendo a fazer além da sua capacidade, exigindo muito de si mesmo, para que haja valor sobre suas ações, mesmo que isso custe prejuízos à sua saúde. E é comum que essas atitudes sejam disfarçadas, pois nem sempre admitimos a realidade que vivemos.
“Na clínica encontramos casos em que o sujeito demonstra uma negação da realidade. Há a transferência da responsabilidade para outras questões quando, claramente, há uma espécie de relação abusiva com o trabalho que geram somatização e o consequente adoecimento”
explica Kássia Santos, psicóloga pós-graduanda em saúde mental.
Mesmo nessas situações, ainda há certa resistência em procurar um profissional da saúde mental. O trabalho é essencial para todos nós, pois é dele que conquistamos nosso sustento e somos edificados. É claro que ele traz satisfação, pois é onde demonstramos nosso conhecimento e habilidades, nos sentindo úteis. Porém, precisamos analisar a relação que temos com ele, pois há linha tênue entre o prazer e a doação excessiva que, ultrapassada com frequência, pode causar danos que refletem justamente na sua produtividade.